jornalista da época ter-lhe-ia soprado esta suspeita malévola: "Combine-se o que traz Stuart Mill com o que diz Pellegrino Rossi no seu Curso de Economia Política e ter-se-à o discurso inteirinho do Sales. Nesse último lá está, palavra por palavra, a tão admirada frase — pirataria exercida em torno dos berços, nas águas da jurisdição divina". Deu-se Taunay ao trabalho de fazer o confronto. Encontrou em Stuart Mill um capítulo "sóbrio e seco", sobre a escravidão, e em Pellegrino Rossi, "menos conciso, mais elegante e imaginoso", não identificou, tampouco, a frase atribuída ao já então senador do Império. "Posso afiançar, — escreveu Taunay, — que nada menos verdadeiro". E frisa que não houve senão "o discreto aproveitamento de teses e opiniões gerais". Silvio Romero concede a Sales Torres Homem altos dons literários. Diz, mesmo, que tem ele "direito de aparecer na história das nossas letras, por ter sido um de nossos mais eloquentes oradores e um dos mais perfeitos de nossos estilistas românticos". E, condenando as ideias políticas que sustenta, declara, no entanto, que O Libelo do Povo é "notável pelo vigor da forma". Para Oliveira Lima, sabidamente monarquista, — "O Libelo do Povo poderia ter sido redigido por um escritor francês de mérito literário, que no entanto, fosse familiar não só com Chateaubriand, mas com Macaulay", embora classifique-o de "sátira cruel", a mais cruel de quantas alvejaram a Casa de Bragança. Doía-lhe, sobretudo, o retrato de D. João VI, o avesso daquele que o diplomata e publicista pernambucano apresentaria em seu livro de maior repercussão.
Para revidar aos ataques desferidos pelos conservadores agastados e seus numerosos escribas, surgiu uma nova folha do liberalismo radical, A Filha de Timandro ou a Brasileira Patriota, de linguagem não menos