Três panfletários do Segundo Reinado

imoderada que a de A Contrariedade pelo Povo e O Caboclo. A Filha de Timandro surgia já com um timbre nitidamente abolicionista. Essa condição terá de ser sempre reconhecida por quem estude a personalidade de Torres Homem: a de haver sido um dos precursores do movimento em favor da extinção do cativeiro. A Filha de Timandro ou A Brasileira Patriota não deixava de ter razão quando comentava: "Lancem-se os olhos sobre essa aluvião de folhas ministeriais que por aí formigam, e logo se deparará numa com o artigo — Timandro — noutra mais — Timandro — e noutra ainda — Timandro. O homem curioso passa a ler esses diferentes artigos, pensando aí encontrar uma análise sisuda e séria, a respeito das matérias contidas nesse libelo; mas bem depressa se convence de que muito errado foi o seu pensamento. Em vez de raciocínios e argumentos, depara com um montão de palavras, cada qual mais insultuosa, e que desonra a imprensa brasileira; depara com imorais e mentidas alusões, que só podem desacreditar e cobrir de lama aqueles que as escrevem". Os insultos, porém, continuavam. Mas, apesar das terríveis diatribes de A Contrariedade Pelo Povo e de O Caboclo, não há sinais de que a pessoa do deputado geral Francisco de Sales Torres Homem, médico e bacharel em direito pela Sorbonne, tenha sido desrespeitada, por quem quer que fosse... Continuava-se, isto sim, a ler avidamente o seu audacioso panfleto, cujas tiragens se sucediam vertiginosamente, a tal ponto, que parecia que a própria monarquia estava nelas interessada... Para dar-lhes sumiço, é claro...

Enquanto isso, as prisões se enchiam de insurretos que tinham participado do movimento praieiro, em Pernambuco. Uns vão para Fernando de Noronha, como Felipe Lopes Neto, o antigo deputado liberal. Outros vêm

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