corrupção parlamentar foi também a grande enfermidade do sistema representativo em Inglaterra durante uma grande parte do século passado. Mas ao menos os publicistas e os oradores independentes não guardavam silêncio, nem resignavam-se a este espetáculo de degradações; e, pelo contrário, levavam o cautério à ferida com impavidez e energia. Eram a princípio os parlamentares de 1720, os Pulteney, os Wyndham, Chesterfield, Carteret, que repetiam diariamente e em todos os sons "que a corrupção transbordava, que os ministros tinham maiorias na algibeira, que não havia déspota tão perigoso para a liberdade como um parlamento corrompido". Era Bolingbroke fazendo remontar o mal à sua verdadeira origem, e denunciando nas regiões mais altas do poder o projeto de substituir-se a violência pela corrupção. Era Burke que, continuador em 1770 da acusação de Bolingbroke, demonstrava com um brilho incomparável que a árvore cortada da prerrogativa tinha brotado novas raízes sob o nome de influência, e que a Câmara dos Comuns, pervertida pela corrupção, tornava o governo senhor absoluto do país. Era Lorde Chatham, que exclama, em plena sessão da Câmara dos pares, que a corrupção motivava o vivo descontentamento do povo e abria caminho às usurpações do poder real. Era William Pitt, entre o seu primeiro e o segundo ministério, que exprobava em altas vozes, à Câmara dos Comuns ser "ao mesmo tempo mãe e a filha da corrupção". Não falemos de Fox, cujas eloquentes invectivas levaram muitas vezes o terror e o remorso à alma dos corruptores e dos corrompidos. Entretanto, o mal que assinalavam e estigmatizavam estes homens de Estado era menos geral e menos profundo ali do que é em nosso país. Esta política, que se agacha sob a pressão dos interesses individuais, e funda sobre as paixões baixas