Três panfletários do Segundo Reinado

finanças, possuindo simples cultura livresca. Amigo de Souza Franco, destituído do posto em benefício do autor de O Libelo do Povo, assim alvejava o novo ministro, do alto da tribuna da Câmara vitalícia:

— Diz Cormenin que se Deus unisse as almas de Thiers e de Guizot apareceria um homem extraordinário. Sem parecer elevar tanto os Srs. Visconde de Itaboraí e Souza Franco, direi que, se eles se unissem, o país não veria suas finanças entregues a um empírico que, decorando algumas páginas de Wilson, Took, Parnell e outros, e repetindo, à maneira de pregadar da roça, um ou outro discurso todo composto de retalhos, conseguiu um lugar no gabinete presidido pelo Sr. Visconde de Abaeté.

O momento em que ascendera Torres Homem ao Ministério da Fazenda fora dos mais graves. Joaquim Nabuco reconhece que "Sales Torres Homem não podia, sem incoerência e sem descrédito, deixar de propor a inversão da política financeira de Souza Franco, que tão fortemente combatera". Retirando aos novos bancos a faculdade de emitir, tanto fazia autorizar-lhes o funcionamento como negá-lo, pois que, sem as emissões, não se incorporariam. A questão financeira seria o escolho em que soçobraria o novo ministério. Gritavam os adversários mais aguerridos, com Martinho de Campos à frente, na Câmara dos Deputados, que eram medidas de bancarrota as de Sales Torres Homem. A 10 de agosto de 1859 cai o gabinete, sob essa tremenda pressão, sendo substituído por outro, também conservador, o de Ângelo Muniz da Silva Ferraz, que, no entanto, há de prosseguir, em linhas gerais, na mesma política financeira.

Quando, ao fim de oito meses, demitiu-se o ministério Abaeté, essa demissão foi justificada, na tribuna da Câmara dos Deputados, pelo seu ex-ministro da Fazenda,

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