Três panfletários do Segundo Reinado

ofendido e revoltado com a cerrada oposição que encontrara. Declarou então Sales Torres Homem que a retirada do gabinete provinha "dos meios anormais e imprevistos com que a oposição procurou tornar impossível a posição de ministro para os homens de pundonor, e de outros meios de ataque que, enfraquecendo o princípio de autoridade, desvirtuavam as instituições representativas, rebaixavam o poder destruindo uma das condições essenciais de sua força".

Os ataques que sofrera antes dos conservadores eram repetidos, agora, pelos seus ex-correligionários. Timandro identificava-se cada vez mais com os adversários de ontem. E a serviço destes era quem, em 1862, derrubava, com a apresentação de uma moção de desconfiança, o conselheiro Zacarias de Góes e Vasconcelos, quando este, chamado pelo imperador, mal inaugurara um gabinete liberal. A duração dessa primeira investidura de Zacarias como presidente do Conselho não chegou a alcançar uma semana. Iniciada a 24 de maio daquele ano, a 30 do mesmo mês já se apresentava, perante a Assembleia Geral, um novo ministério, chefiado pelo ex-conservador Araújo Lima, Marquês de Olinda. Zacarias, entretanto, marcou Sales Torres Homem, disposto a retribuir o golpe na primeira oportunidade.

Como orador parlamentar, Sales Torres Homem adotava uma técnica particular que eles mesmo explicava, declarando que não bastava ter ideias e ter talento; era preciso também ter escola.

— Quando entendi que devia fazer discursos notáveis — confidenciou ele, certa vez, a um amigo, — procurei na leitura dos grandes oradores da antiguidade o tipo com que mais me afeiçoasse. E felizmente encontrei-o. Identifiquei-me com o modelo. Assimilei-o completamente

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