Três panfletários do Segundo Reinado

gabinete conservador presidido pelo Visconde de São Vicente. A 7 de março de 1871, ascendia ao poder um novo gabinete conservador, o que teve como presidente o Visconde do Rio Branco, um dos maiores estadistas do Império. No Senado, foi Sales Torres Homem um dos que mais tenazmente defenderam a aprovação da lei do "ventre livre", em que se empenhara o gabinete Rio Branco e em razão da qual ninguém mais nasceria escravo em terras do Brasil.

Em verdade, Sales Torres Homem havia tido participação direta na feitura do projeto de lei, redigido, quase inteiramente, por Nabuco de Araújo e Teixeira Júnior, mas incorporando sugestões vitoriosas de Jequitinhonha, Muritiba, Sapucaí, São Vicente e outros, nos debates do Conselho do Estado. Uma das divergências entre Sales Torres Homem e Nabuco de Araújo, estava em que este, mais radical, queria que os filhos menores de sete anos de escrava libertada fossem a esta entregues sem indenização, ao passo que o autor do Libelo do Povo era partidário da indenização aos senhores, à conta do projetado "fundo de emancipação". Mas nem isso alguns dos ferrenhos escravagistas na Câmara e no Senado queriam permitir. O grande argumento de que lançavam mão os escravagistas era o de que "a propriedade era sagrada" e qualquer lei que viesse restringi-la seria injusta, revolucionária, funesta. Foi em verdade admirável o longo discurso proferido, então, por Sales Torres Homem. Principalmente porque ele destruiu, antes de tudo, a tese artificiosa dos defensores do cativeiro a qualquer custo. A certa altura disse o novo senador do Império:

"Os proprietários atacam a liberdade dos nascituros em nome do direito da propriedade violada; relutam contra a indenização como insuficiente e ineficaz para

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