Etnologia brasileira: fulniô, os últimos tapuias

os Cariri. Além disso, o designativo para tio (irmão do pai) varia entre os Cariri, segundo é o ego masculino ou feminino. O mesmo ocorre no parentesco por afinidade. Observa Pompeu Sobrinho que o sistema cariri é, em essência e com algumas diferenciações, semelhante ao dos Tupi e ao dos Dacota. De caráter bilateral, o irmão do pai (tio paterno) e a irmã da mãe (tia materna) são classificados como se fossem, respectivamente, pai e mãe; em consequência, os sobrinhos reputam-se da mesma categoria dos filhos. E isso não se vê entre os Fulniô. Conclui Pompeu Sobrinho que tal sistema dá uma ideia das forças de coesão, que unem o grupo familiar dos ameríncolas, formando os laços econômicos e sentimentais, agregadores de tão extenso parentesco, uma unidade social bem definida. É verdade que, sob os "efeitos desorganizadores da influência europeia", a família cariri sofreu "sensível perda de coerência, limitando os seus elos mais resistentes aos membros imediatos"; fenômeno igual poderia ter ocorrido com os Fulniô. Mas, nos sertões do Nordeste brasileiro, ainda hoje há o costume de considerar irmãos aos primos cruzados e de respeitar os tios como se fossem eles os próprios pais. "Não é muito raro que os rapazes e moças dediquem às irmãs de sua mãe ou aos irmãos de seu pai um respeito tal que, em certas circunstâncias, excede ao que dão aos próprios progenitores, particularidade que explica por que tais parentes gozam de destacada importância nos conselhos privados da família, cabendo-lhes algumas vezes as mais delicadas missões no convencimento daqueles moços que se desviam das suas obrigações e preceitos de caráter familiar ou a que cumpre instruir em matéria de excepcional gravidade"(425)Nota do Autor.

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