A Princesa Isabel - a Redentora

as vezes do padrinho, que era o rei Fernando de Portugal, cunhado do Imperador, acompanhavam a criança. Dous archeiros, com as túnicas pintalgadas de escudetes, a música dos charameleiros com os instrumentos de prata, seis porteiros de maça, os da cana, o rei d'armas, precediam aos juízes territoriais, os diretores dos institutos literários (as escolas à frente das Câmaras!), os veradores. Antonio Henrique de Miranda Rego levava o sal e João José de Almeida Mascarenhas Ramos a concha de ouro. Aureliano, o poderoso Aureliano, árbitro dos partidos nos confusos dias da Maioridade, segurava o círio. José Maria Velho, substituto de Paulo Barbosa na mordomia-mor, servia de mestre-sala. Um uniforme constelado de medalhas infundia respeito, cintilante e irrepreensível: o conde de Caxias. Às varas do palio viam-se Olinda, com a sua gravidade, um tanto triste, de antigo regente; Monte Alegre, Honório, de fisionomia carregada, uma eterna ruga severa entre os olhos autoritários, Lopes Gama, o feroz Teófilo Ottoni... Juntavam-se, debaixo daquele tendal de seda, as forças que dirigiam a nação: conservadores, transformadores, liberais...

Aos 21 anos D. Pedro II tinha uma fulva e escassa barba de arquiduque, a cintura fina, enxuto de carnes, faces coradas, os cabelos de um tom de bronze novo, e era formoso na sua elevada estatura, nos olhos infantis e na farda de almirante, com o Tosão d'oiro pendurado sobre a faixa multicor de todas as Ordens. Os diplomatas falavam de sua renovação - mais homem, mais cordial - depois que a esposa lhe dera dous filhos. "Sua Majestade - escrevera em abril o ministro austríaco Rechberg - cresceu consideravelmente e ganhou um aplomb que parece indicar um

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