A Princesa Isabel - a Redentora

o caráter à sua condição, impondo-lhes uma serenidade adequada. Seria naturalmente excessivo, algo desastrado, em ambas as tarefas: na instrução intensa e na educação austera. O método do velho paço de S. Cristóvão reviveu, inexorável, nos seus horários fixos. Cresceram as princesas vexadas por essa justa medida do tempo. Com os minutos contados. Perseguidas por uma aia inalterável, de relógio na mão, como se o palácio fosse um quartel, um imenso quartel para dous pequeninos recrutas. Não podia estranhar! O Imperador, na sua orfandade, não tivera desvelo materno que lhe amenizasse o método, do trabalho madrugador, do almoço matinal, do passeio de praxe, das lições exaustivas, do vestuário cerimonioso, de sua infância sem as miúdas loucuras que confundem anjos e diabretes... Criara-se insensível às reações subjetivas, contra essa tirania que sofrera no seu aprendizado de rei teórico, talhado, pelos mestres, para ser antítese dos tiranos... A pontualidade em pessoa!

Essa regularidade enfadonha - é certo - não repetia o antigo sossego da Quinta vigiada pelo tutor saltitante e pelo aio taciturno, quando a condessa de Aquila e a princesa de Joinville se aborreciam infinitamente ao lado do mano Imperador.

Tereza Cristina temperava as tradições de tristeza e ordem com a sua benevolência, o gosto da música, as árias cantadas ao piano, a sua tendência para a quietude, em casa, ao pé do bastidor de bordar, cada vez menos majestosa nesses modestos costumes. Quebrava com isso a aspereza dos "programas" e dava às meninas - que se desenvolviam sadias - uma alegria de brinquedos ao ar livre, uma permanente festa de passeios, teatro e jardinagem no parque, como nunca tivera D. Pedro II no seu ciclo de "órfão da Pátria".

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