Povoamento da cidade do Salvador

governo se decepcionaram com "os bens de convenção" que foram as minas de ouro, veio a constituir o maior obstáculo à recuperação social e econômica do país. Isso explica que o assunto tenha sido objeto de diversos estudos dos economistas e sociólogos portugueses desde o século XVII. Manoel Severim de Faria, presbítero, mestre em artes e doutor em teologia pela Universidade de Évora, autor de numerosos livros, dedica o discurso primeiro das suas Notícias de Portugal, escritas em 1655, ao estudo "dos meios, com que Portugal pode crescer em grande número de gente, para aumento da milícia, agricultura e navegação". Era opinião sua que "onde houver muita gente, haverá muita agricultura, muitas artes, e muita mercância e muitos soldados; que são as quatro coisas, em que se funda, e consiste a riqueza, o poder e a felicidade de um reino". No parágrafo seguinte, intitulado "Como a gente naturalmente se multiplica e a deste reino se vai diminuindo do ano de 500 a esta parte, e as causas porque", depois de referir-se à "falta de gente para a milícia, como para a navegação, e muito mais para a cultivação da terra, pois por falta de gente portuguesa se servem os mais dos lavradores de escravos da Guiné e mulatos", aponta as seguintes causas dessa falta:

"A primeira causa da falta de gente, que se padece neste Reino são as conquistas; porque estas ainda que foram de utilidade, assim para a propagação do Evangelho, como para o comércio do mundo, todavia defraudaram muito este Reino, da gente que lhe era necessária. E assim não somente deste tempo por diante não cresceu a gente neste Reino, como era conveniente para as muitas povoações, que já nele havia, e para se poder defender e ofender aos inimigos, mas além disso foi despovoando com as muitas armadas cheias de gente que cada ano partem de Portugal para estas conquistas;

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