OS PRIMEIROS TRINTA ANOS

O conjunto das circunstâncias econômicas e demográficas, o surto do mercantilismo ultramarino, a orientação política do rei, menos inclinado à expansão da Fé e da cultura cristã do que à conquista de entrepostos comerciais no exterior, explicam a incógnita dos primeiros 30 anos do Brasil português, muito embora não justifiquem a falta de visão de D. Manoel que, se houvera pressentido a próxima perda do comércio oriental e as desilusões com o ouro africano, cedo teria procurado desenvolver na Terra de Vera Cruz um outro baluarte da economia lusitana.

Entretanto, por menos que os arquivos nos informem do interesse e das providências da coroa pelo Brasil, durante aquele período,(59) Nota do Autor deixando a impressão ou de um descaso imperdoável, ou de uma inépcia incomum, não há como duvidar que o assunto estivesse a ocupar o espírito dos governantes. Pois se a descoberta, tanto tempo imaginada como obra do acaso, está visto que foi fruto de meditações, de estudos, de pesquisas e tentativas que se inspiravam na iniciativa de geógrafos e cartógrafos, de astrônomos e navegadores experimentados,(60) Nota do Autor é intuitivo que à clarividência política dos lusos não passariam despercebidas as vantagens do assenhoramento e da colonização da terra recém-achada. E quanto a