uma quinzena, naquele mês de novembro de 89, poderia tudo resumir numa inversão: do império republicano (parlamentar e descentralizado) passara-se à república imperial (autoritária e concentrada)(1). Nota do Autor Parte da geração que se opusera às instituições, nos quadros da propaganda, cujos núcleos tinham sido S. Paulo, o Rio Grande, Minas Gerais, a corte, tomou avidamente o poder. E esbarrou na concorrência da velha política, que lhe não cedeu o lugar. Observa-se o conflito de mentalidades, de objetivos, de teorias, simplificado e, de certo modo, neutralizado, pela posição equidistante do governo provisório, feito para conciliar os grupos pela representação de suas tendências. Nesse aspecto de renúncia às opiniões radicais, de união de esforços visando à consolidação da nova ordem, em que primava o respeito às dificuldades do momento - o ministério formado pelo marechal era uma peça inteiriça de lógica política. Nele figuravam a juventude das armas, seu apóstolo da Escola de Guerra, Benjamin Constant, a armada com Vandenkolk, a campanha republicana, desde a primeira hora, com Quintino Bocayuva e Aristides Lobo, a ala paulista, com Campos Sales, os rio-grandenses, com o positivismo militante, Demetrio Ribeiro. Ruy Barbosa, deslocado na pasta da Fazenda, de fato a primeira cabeça do governo, podia ser chamado de ministro da Ideia, tal o destaque que lhe dera a batalha quotidiana travada, desde maio de 89, com a situação reacionária. Essa coalizão de correntes, sob a influência moderadora do ditador - receoso de novidades que não tolerava, sem intransigências ortodoxas, ele, que até o "pronunciamento" fora um crente do sistema reinante, linha viva de comunicação entre o passado e o presente, garantia e árbitro da evolução - ganhava uma eficiência benéfica.