História do Brasil T5 - A República, 1956

Tudo se faria, fez-se tudo com a inquietação mínima no mais breve prazo: a deportação da família imperial (cujo embarque silencioso, na calada da noite, selava a implantação da república), a detenção e o exílio de alguns adversários temíveis, a substituição dos presidentes das províncias ao som das charangas militares, a mudança da bandeira, os atos fundamentais da reorganização - suavizados pela afirmação solene de que as dívidas e compromissos exteriores eram encampados pelo novo regime. Os banqueiros ingleses telegrafaram, pressurosos: os fundos brasileiros estavam mais firmes na City.(1) Nota do Autor As nações amigas, os Estados Unidos à frente, apressaram-se em reconhecer a república.

A república deu a impressão de que envelhecera no segundo mês de existência. O seu mal foi a facilidade com que se impôs: na aceitação indiscriminada, o sentido, prontamente decadente, do acordo com a imoralidade eleitoral, as oligarquias regionais, a falsa democracia, a troca dos rótulos e não dos processos, a "adesão" de todos os vícios que tinham corrompido a centralização monárquica, acrescido de um inédito: - o caudilhismo de espada à cinta. Mas, apesar da deformação realista, ou por isto mesmo, cumpriu a sua tarefa sem cataclismos: favorecida pela alegria econômica, que lhe foi o timbre, a marca demagógica, a sua arma. Quebrou, numa época de nervosismo comercial e industrialização incipiente, as formas estreitas, tanto da legislação como dos costumes: e se envolveu na "festa" do "encilhamento", dos negócios, do jogo da Bolsa, da prosperidade aparente - que enrodilhava no seu turbilhão a sociedade suntuosa e dispersada - com as emoções e os sentimentos populares:

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