A academia
"O vosso desejo é conservar, no meio da federação política, a unidade literária", definiu Machado de Assis, no discurso inaugural da Academia Brasileira, em 20 de julho de 1897. A só circunstância de se juntarem novos e antigos para a fundação de uma sociedade com o número, e o estilo da Academia francesa, testemunhava a evolução rápida de que o espírito se beneficiara, entre o desalinho de 1891, a dispersão de 93, e a "anistia" de Prudente de Morais. Este governo apaziguador perdoara a rebelião; e no seu clima indulgente também se apagavam as incompatibilidades intelectuais, três anos antes extremadas e rancorosas. O secretário-geral era Nabuco, pretendendo criar um salão aristocrático, de expoentes; a iniciativa partira de Medeiros e Albuquerque, de Lúcio de Mendonça; e se uniam, sob a presidência neutra de Machado, o "patriarca", os irreverentes Artur Azevedo, Guimarães Passos, os jovens Rodrigo Octavio, Graça Aranha (ainda sem livro), Magalhães de Azeredo; monarquistas como Taunay, Afonso Celso, Laet, Eduardo Prado, Loreto, a crítica de Silvio Romero, Verissimo, Araripe Junior; a imprensa com Patrocinio, Alcindo Guanabara; a diplomacia de Oliveira Lima, Salvador de Mendonça, Domicio da Gama, a poesia com Bilac, Raimundo Corrêa, Alberto de Oliveira, Luiz Guimarães, Murat; a prosa de Aluizio de Azevedo, Garcia Redondo, Valentim Magalhães, e acima das espécies literárias, encarnando o verbo tribunício, Nabuco, Ruy...(1) Nota do Autor O velho Pereira da Silva era ali um nome desbotado, da história imperial. Confraternizavam as escolas, num movimento otimista, de regeneração das letras, de defesa da língua, dos direitos da inteligência... Coincidiam-lhes as aspirações com o