EXPLICAÇÃO
(da 2.ª edição)
Publicado em 1933, este livro, que se reimprime acrescido de muitas notas e documentos, se destinou inicialmente a desmanchar uma lenda injusta e a arrancar de sua teia insidiosa um retrato vivo e sincero. Mas estava longe de ser a apologia de D. Pedro I. Pretendia ser a "revisão do seu processo". Um relato novo, inspirado em documentação severa, em depoimentos leais e em crítica despida das paixões velhas, contemporâneas do "homem" e de sua debatida glória. Reimprime-se o volume - oito anos mais tarde - quando já uma bibliografia respeitável se vem juntar a esta forma de reabilitação, perante a consciência pública, d'um nobre vulto tutelar. Não arriscamos interpretações precipitadas. Repudiamos a caricatura histórica. Fugimos às abstrações. Limitamo-nos aos traços verídicos, à compreensão e à exposição d'uma existência contraditória e privilegiada. Belo romance, talvez! Com o requinte de ter sido um romance real...
"Aos 23 anos regente do Brasil, imperador aos 24, rei resignatário e Dador da Constituição aos 28, morreu no Paço de Queluz, na sala de Don Quixote, com 36 anos de idade, depois de ter criado um império, outorgado duas Cartas, fundado dous regimens, e cingido a coroa, César pródigo, a dous filhos seus".
Quantos personagens do século XIX - do "luminoso" ou do "estúpido" século XIX - merecem uma análise profunda, enternecida e sentimental, como D. Pedro I?
Quantos se iluminaram assim com a estrela da aventura, na América e na Europa, destacando dos acontecimentos universais - em 1822 ou em 1831 - o perfil romântico de Chefe jovem, a espada e a ideia?