O VALE
A DORVAL PORTO
O vale do Amazonas, na transformação constante por que vem passando, tem hoje a forma de uma lira, como se algum deus pagão e autóctone, através da harmonia e da beleza, tentasse amenizar as arestas cortantes dessa natureza rude. Lira deitada e ligeiramente inclinada do poente para o nascente guarda, ao fundo, a cordilheira dos Andes; ao sul, o planalto do Sistema Brasileiro; ao norte, as montanhas do Sistema Guianense; na embocadura, os lençóis azuis do Atlântico. As reentrâncias da figura são apertadas nos relevos serranos das manchas que se desdobram de Almeirim a Óbidos, na margem esquerda, e nos relevos alpestres dos ondulados que sobem do Curuá a Santarém, no flanco direito. Ao centro dessa arena colossal — a gigantesca árvore hidrográfica, com a copa de tributários