de rocha, nos degraus de feldspato, nas furnas de arenito, nas toalhas de aluvião, a água, em gorgolejos tenebrosos, espumando e rugindo, rompe as escarpas, lapida os penedos, alarga os boqueirões, engole as florestas e desaba, manadeiros abaixo, numa devastação apocalíptica, até que, já nos plainos quase sem declive, perto das orlas do oceano, detida pela refluência atlântica, estaca e deposita, nos dilatados receptáculos lacustres e fluviais, o sedimento mineral e vegetal arrancado das cordilheiras. Hégira líquida e quase fabulosa do Novo Mundo, ela marca uma época em que as águas, ao fugir de um quadrante para outro, modificam pela colmatagem a fisionomia deste trato imenso do continente americano. E o vale do Amazonas, que teve antes a forma de uma garrafa, segundo alguns geólogos, tem agora a de uma lira.