Na Planície Amazônica

piratas, sequiosos de glórias e ambiciosos de riquezas, empolgados pela notícia dos continentes que se completavam e dominados pelas mentiras a respeito do Eldorado de Manoa, onde os palácios se cobriam de ouro, investiam o mundo d'água amazônico, meio misterioso, meio lendário, quase virgem e sagrado. Vinham do largo, com os alíseos bojando-lhes os latinos dos galeões e enfiavam-se pelas gargantas escancaradas no arco telúrico da costa. Singravam à aventura, com o sentido nos minerais, nas madeiras de lei, nas jazidas encantadas. Avançavam. Encontravam florestas compactas, campinas ondulantes, verdes estâncias, ilhas em buquês, e, mal palmilhadas as lindes ribeirinhas, deslumbrados com a conquista, volviam a proa das naus rumo da Europa. Levavam alviçareiros, documentados de papagaios e de índios, a boa-nova do achado. Tempos depois retornavam já dignitários, governadores, vice-reis, buscando, à sombra da insígnia capitânia de muitas velas, as paragens descobertas. Transpunham as últimas linhas de cômoros e dunas marinhas, esmavam cruzando nas bordadas esclarecedoras, e rompiam vitoriosos a clâmide parda e crespa. Pesquisavam, examinavam, sondavam. Nada. Abriam-se-lhes é certo, na cinza do horizonte, rios desmedidos, baías nevoentas, canais profundos, decorados pela mesma cortina

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