Ainda fumegavam tições mal apagados da revolta de 1922, por entre as cinzas da repressão. Nos círculos militares, mesmo entre os elementos tementes à lei e à disciplina, o sentir geral não era simpático, pois Bernardes — desconhecendo por inteiro a vida militar, seus melindres, seus ideais e sua psicologia — olhava para todos os oficiais, quer insubordinados, quer perfeitamente respeitadores da lei, com tendências de suspeita e de difidência hostil. A prova mais eloquente desse grande erro está no fato indiscutível de que, fossem quais fossem suas ideias pessoais, o grosso dos quadros cumpriu seus deveres de soldados: esmagaram a insurreição de 1924-26, e, entre cerca de cinco mil, apenas algumas dezenas, menos talvez de 200, oficiais foram achados culpados de atos de insubordinação.
Tempos de guerra civil dão sempre exemplos abundantes de abuso e de ilegalidade. Todos os esforços estando polarizados pelo combate decisivo contra a violência armada, passam para plano secundário todas as demais considerações. Justiça e Lei, raramente, estão presentes de modo contínuo, e com eficiência suprema, nesses dias perturbados. Aí talvez, se encontre a atenuante de muito ato indefensável. Em conjunto, porém, o país se sentia arruinado e infeliz, num ambiente quase irrespirável. As operações militares absorviam largas somas, nem sempre passíveis de completa fiscalização. Cada erro ou falta era explorado, e ampliado pelos ódios partidários, tanto mais perigosos porque eram murmuradas críticas e insinuações e nunca tomavam corpo. A repressão exercida agia às cegas, apaixonadamente, despida de senso e de serenidade.
Triunfaram, entretanto, a ordem e a lei, graças à disciplina da maioria esmagadora de oficiais e praças.
229. A obra realizada. — Embora a administração se visse reduzida a um mínimo, pois as perturbações civis monopolizavam todas as atenções e todos os esforços, e, por esse motivo, não podia ela se exercer senão em meio à desordem, alguns atos de importância capital devem ser apontados a crédito do Presidente.