desse fato reside na capacidade, maior ou menor, dos nossos condutores do povo em compreender e agir no nível nacional, de um ponto de vista coletivo nacional e internacional, a um tempo, e sem alvos pessoais. Aqui, como em todas as nações, vastas oscilações se revelam na curva representativa de nossa eficiência peculiar.
Nossos ideais foram explanados em uma sessão memorável do Congresso Científico Latino-Americano do Rio de Janeiro, em 1905, enunciados pela nobre e grande voz do barão de Rio Branco.
"Mesmo quando o Brasil, vivendo sob outro regime que o atual, era, na frase do ilustre general Mitre, uma verdadeira "democracia coroada", e a diferença de forma de governo podia fazer crer em diferenças de ideal político, mesmo então não foram menos amistosos os nossos sentimentos para com as Repúblicas limítrofes, e nunca nos deixamos dominar de espírito agressivo, de expansão e de conquista, que mui injustamente se nos tem querido atribuir. Hoje, como naquele tempo, a Nação Brasileira só ambiciona engrandecer-se pelas obras fecundas da paz, com seus próprios elementos, e dentro das fronteiras em que se fala a língua dos seus maiores; e quer vir a ser forte entre vizinhos grandes e fortes, por honra de todos nós e por segurança do nosso continente, que talvez outros possam vir a julgar menos bem ocupado".
Em 1906, ao encerrar as sessões da Conferência Pan-Americana do Rio de Janeiro, mais uma vez delineou as normas dessa política de longo alcance:
"A opinião popular transvia-se muitas vezes. Não raro, um vento de insânia, despertando instintos bárbaros, açoita e abala os povos, mesmo os mais cultos e cordatos. O dever do estadista e de todos os homens de verdadeiro senso político é combater as propagandas de ódios e rivalidades internacionais.
Nem população densa, nem dureza de vida material podem tornar o Brasil suspeito aos povos que ocupam este nosso Continente da América.