I
AMÉRICA E EUROPA
A Revolução Francesa destruíra o velho equilíbrio europeu. Estendera-se a guerra do ocidente ao oriente. Estavam em armas os adeptos e os inimigos do governo de Paris. A Espanha tomara subitamente o partido de Bonaparte, contra a coligação chefiada pela Inglaterra. Poderia Portugal abandonar a aliada de todos os tempos, a Inglaterra, para aderir à nova política franco-espanhola? Se seguisse o interesse de Madrid, deixaria à mercê da represália britânica as colônias; mas se acompanhasse os ingleses, a poderosa vizinha lhe invadiria o território. Premido pelas conveniências coloniais, recusara o Príncipe Regente a sua aprovação ao tratado que Antonio de Araujo de Azevedo fora negociar em França. Afirmara, com esse corajoso repúdio, a intenção firme de não romper com a Inglaterra. Apegava-se à esperança duma neutralidade já intolerável e absurda. O Príncipe da Paz, D. Manuel de Godoy, que era o poderoso chanceler del-rei de Espanha, cumpriu as ordens que lhe deu o Primeiro Cônsul Bonaparte: e, para separar Portugal da Inglaterra (como alegou), atacou-o com forte exército.
A GUERRA DE 1801
Foi em 22 de janeiro de 1801 que combinaram França e Espanha dar quinze dias ao Príncipe Regente para decidir-se: ou se entregaria nos braços da primeira, ou seria coagido pelas armas.