História do Brasil T4 - O Império, 1947

Os ingleses deram imediato auxílio em dinheiro e material bélico ao Reino ameaçado. Logo, a 27 de fevereiro, Carlos IV lhe declarou guerra; e a 20 de maio irrompiam as suas tropas por Olivença. Nenhum dos dois governos, é certo, fazia de boa vontade essa guerra que aproveitava a Bonaparte, não a suas fracas coroas. A campanha reduziu-se a uma série de escaramuças e algumas rendições de praças, que os portugueses defenderam mal. Como que, de lado a lado, predominava o pensamento de não brigar. Tanto que, em seis de junho, em Badajoz, foi assinada a paz, comprometendo-se Portugal a fechar os portos à Inglaterra e a ceder à Espanha a cidade de Olivença, por ela conquistada. Favoreceu o pronto desfecho a acomodação que se processava entre ingleses e franceses (a "paz de Amiens", de 25 de março de 1802).

A humilhação imposta ao Príncipe Regente, a decadência militar do país, a sua desorientada diplomacia, a divisão dos conselheiros, favoráveis uns à tradição, outros inclinados à política francesa - assinalavam claramente o fim duma época. Os acontecimentos do Brasil acentuaram essa terrível impressão. Não haveria mais sossego ali para o brando D. João e a sua corte atemorizada. A qualquer momento seriam surpreendidos por outra agressão. Sem a Espanha amiga e sem a Inglaterra conciliada, não teriam paz. Circunstância notável: as desventuras da metrópole faziam o Brasil crescer. Os males da mãe-pátria eram estímulos do seu desenvolvimento; e o aumentavam. Campeavam na América forças consideráveis e jovens. Olivença foi uma mutilação; compensou-a a anexação das Missões. Parece que Alexandre de Gusmão adivinhou: perdia-se uma cidade na Europa; ganhava-se uma província na América.

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