História do Brasil T4 - O Império, 1947

Surge por esse tempo o romance, tímido e descolorido de início, logo refrangindo a iluminação dos trópicos, descritivo, airoso, documental, que é a distância de Teixeira e Souza, com O Filho do Pescador (1843) a Joaquim Manuel de Macedo, com A Moreninha (1844) e O Moço Loiro (1845)(1) Nota do Autor. No "romance brasileiro" (subtítulo que é como o agitar de uma flâmula) há a novidade dos costumes, graça da linguagem, a observação, o timbre saliente ou tênue da crítica. Em 1837 imperavam as Máximas do marquês de Maricá: era a leitura da gente grave. Dez anos depois a fantasia feminina se comove com os amores de Paquetá, fulgura o salão burguês, as novelas estrangeiras (Walter Scott, que George Gardner foi encontrar no sertão de Minas, em versão barata) desbancam a literatura anacrônica, e pode Manuel Antonio de Almeida encartar nas Memórias de um sargento de milícias (já um "romance de costumes brasileiros") as sombras do passado e a alegre tempestade do presente(2) Nota do Autor. Verdade, os mitos retardam o "naturalismo"(3) Nota do Autor, adivinhado e prosaico: o indianismo temático de Gonçalves Dias, e a ideia, transcendente, de substituir por ele a epopeia de além-mar, nas especulações políticas a que se presta a fábula. Nisto se congraçam Gonçalves Dias, com Y Juca Pirama, Magalhães, com a imensa Confederação dos Tamoios, Araujo Porto Alegre com o equivalente poema Colombo, chefes do movimento, que deles teve ou o impulso, no gênio, ou a condenação, nos defeitos.

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