Gonçalves Dias era um torturado da ênfase nacionalista, apaixonado da terra e do mistério etnógeno, cujo americanismo tem o mérito da boa linguagem, de Coimbra... O seu "timbira" é tão falso quanto o tamoio, de Magalhães. Que importava? Queria-se a definição. Procurava-se o conceito de espírito indígena, um soberbo antepassado para a pátria. Gonçalves Dias fez esta política literária, histórica, artística a que os sérios estudos (etnografia, história, arqueologia) deram apreciável autoridade. O lírico de Suspiros Poéticos foi mais longe, e tentou, na Confederação, criar a epopeia, que valesse, para o nosso civismo, o que para os outros povos valiam os seus poemas célebres. Em vez dos personagens da Europa, os rudes, ingênuos, indômitos heróis do Novo Mundo... Esqueciam-se que as epopeias derivam dos fatos, acontecidos, nunca da imaginação, que os não supre: nem seria possível infundir o calor da ação e da glória a figuras irreais... Porto Alegre contentava-se com o antagonismo, de Colombo, que descortinou cristãmente a terra, ao Gama, que uniu as civilizações: a sua intenção era deslumbrar o santo homem com a visão do paraíso, que achou. O ditirambo, aí, com a paisagem edênica, tem o entusiasmo de Rocha Pita - e difusa poesia...
Esse devaneio podia bipartir-se em intelectualismo de imitação e puro sentimentalismo romântico. Aquela feição estrangeira pertence a novela tétrica de Alvares de Azevedo (A Noite na taverna)(1) Nota do Autor, que respira, com o germanismo universitário(2) Nota do Autor, a