pouco homem de ciência, amador de todas as curiosidades do saber, latino, helenista, hebraizante, com a sua veleidade de matemático e o gosto da poesia, não a cultivou senão modestamente, numa ou noutra tentativa, ou exercício, sem seguimento. Encorajou, porém, as realizações da cultura, e flutuou ao sabor de suas exigências. Aceitou estoicamente a revolução iminente; e familiarizou-se com alguns de seus capitães. O diálogo com Victor Hugo, em Paris(1) Nota do Autor, definiu-lhe essa renúncia. Merece que o consideremos um caso a parte, na categoria dos reis: não retardou com o seu poder (muitas vezes irresistível) a evolução do país, na lógica do seu liberalismo eclético e irreverente.
Laurindo Rabello e Fagundes Varela(2) Nota do Autor servem de elo à corrente que liga a descente de Alvares de Azevedo - no romantismo padecente - à flama "hugoana" de Castro Alves. Varela, com o novo ritmo (Noturnas, 1861) e Pedro Luís, com as estrofes "condoreiras"(3) Nota do Autor, anunciam o "cantor dos escravos", que longe os deixou, no voo épico. A originalidade de Castro foi a harmonia, que genialmente estabeleceu, entre a paisagem, o romantismo erótico, a paixão liberal, o senso cívico, a corda política, a ênfase, a vocação abolicionista, o ímpeto oratório do ataque a todas as formas de opressão, em nome do "século"(4) Nota do Autor, da "liberdade", da "pátria", imortais direitos... Atinge a poesia, com ele, o momento dominante. Como que