PARTE 1
A EVOLUÇÃO INTERNA DO BRASIL
Em outubro de 1930, um movimento armado derruba o presidente em exercício - Washington Luís Pereira de Sousa - em benefício do gaúcho Getúlio Dornelles Vargas. Essa data marca o fim da Primeira República e o início da era varguista, que durará até 1945.
A revolução de outubro de 1930, é, a um tempo, a culminação de uma evolução geral - social e econômica - da sociedade brasileira nos primeiros quarenta anos do regime republicano e, principalmente, um movimento de caráter político. Traz para o primeiro plano da cena nacional novos e jovens atores, que até então haviam tido apenas uma atividade regional.
Depois de uma primeira fase de governo "provisório", mas que de qualquer modo durou quatro anos, os vencedores de 1930 são forçados em virtude de uma oposição crescente - a convocarem eleições para uma Assembleia Constituinte em 1933. Esta redige uma nova constituição para o país e confirma Getúlio Vargas na presidência da nação até 1938.
A fase legalista que começa em 1934 com a adoção de uma constituição não basta para esconder o poder pessoal de Getúlio Vargas, que na verdade é o símbolo do movimento vitorioso de 1930. Cresce o número de descontentes, tanto mais que a esquerda brasileira adota a tática da frente popular e já em 1935 consegue transformar-se, após poucos meses, em uma importante força de oposição. De seu lado, os movimentos de direita e de extrema-direita, reagrupados sob o nome de Ação Integralista Brasileira (AIB), inspiram-se progressivamente nas ideologias totalitárias europeias em particular no fascismo e no salazarismo - e também se tornam uma importante forma de contestação do poder. Apesar de tudo - e às vezes contra todos - Getúlio Vargas conseguirá manter-se no poder para além mesmo de seu mandato constitucional de 1934. Como isso foi possível? Eis a interrogação principal, que as páginas seguintes se esforçarão por responder.