O Brasil de Getúlio Vargas e a formação dos blocos: 1930-1942. O processo do envolvimento brasileiro na II Guerra Mundial

É interessante notar que todas as pessoas presas na Bahia foram quase imediatamente soltas por ordem do Rio de Janeiro. P. S. atribui isso à intervenção de seus fiéis no Rio.

No correr do último encontro P. S. me entrega:

- uma exposição datilografada que segue anexa na qual ele coloca por escrito o que tínhamos falado anteriormente e esclarece certos pontos.

- uma carta sob forma comercial de uma firma fictícia na qual estabelece cinco pontos principais para o início de negociações, a saber:

a) ele se declara inteiramente de acordo em princípio a respeito da questão proposta;

b) antes de passar a um plano concreto, ele deseja esperar a chegada do emissário acima mencionado;

c) ele deseja ter um encontro com uma de nossas altas personalidades investidas dos plenos poderes a fim de determinar as bases de uma colaboração presente e futura;

d) ele não pode prescindir de um acordo com o outro membro do Eixo;

e) o enviado (o abaixo assinado) merece toda sua estima mas ele repete que considera oportuno um contato direto com uma de nossas altas personalidades a fim de poder examinar a questão de todos os pontos de vista.

Ele menciona que sabe que os japoneses se esforçam para provocar um movimento de independência nacional no México.

Se alguma coisa deveria ocorrer no Brasil (afirma P. S.) isso poderia constituir a fagulha de uma insurreição em toda a América do Sul contra a hegemonia norte-americana.

P. S. não me esconde as dificuldades contra as quais ele deverá lutar mas ele se declara convencido do sucesso final.

O secretário de P. S., o sr. Hermes Lins de Albuquerque, entrega-me informações que envio anexas e confirma que ele está sempre em condições de fornecer elemento para missões delicadas em Londres e em Washington. Esses elementos seriam todos integralistas que têm livre acesso a esses países (suponho com base em uma frase que escapou a Lins de Albuquerque que este já está em contato com elementos alemães para esse tipo de negociação).

No dia 19 de abril tive um encontro com o comandante Aristóbulo do Cuyabá (navio brasileiro nesse momento no porto de Lisboa prestes a partir para o Brasil), do qual anexo uma fotografia. Com Plínio Salgado tive oportunidade de ver 260 cartas que iriam ser enviadas através de Aristóbulo

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