ANEXO XVI
Hiermit a Freytag, 12 de junho de 1942(1) Nota do Autor
O partido integralista segue princípios fascistas. É o partido mais forte e sua influência se estende a todo o país. Desde 1937 está proibido. Apesar dessa proibição o presidente Vargas manteve relações com ele já que pretende - em caso de vitória das Potências do Eixo - manter em reserva o apoio desse partido para ele e para sua política.
O chefe do partido integralista é Plínio Salgado, que vive atualmente no exílio em Lisboa. Um importante dirigente desse partido é Gustavo Barroso, o presidente do Museu Histórico do Rio. Em 1940 Barroso viveu por algum tempo em Berlim. Foi convidado nessa ocasião pelo embaixador Faupel para uma recepção na qual estavam presentes o secretário de Estado e outros altos funcionários do AA. Barroso é um agente de ligação não oficial entre o presidente Vargas e Salgado.
Os membros da embaixada da Alemanha no Rio mantiveram relações oficiosas, até sua partida, com os membros mais importantes do partido integralista. Nossa missão em Lisboa está também em contato com Plínio Salgado graças a intermediários. Poderia ser oportuno continuar com contatos oficiosos já que os integralistas muito provavelmente poderão desempenhar, depois da guerra, um papel determinante na política brasileira.
É visível que o governo italiano se inquieta com nossas relações com Plínio Salgado; como confirma o conselheiro da missão, Schlimpert, a embaixada italiana no Rio manteve relações particularmente estreitas com os integralistas, que chegaram até à condecoração de integralistas e à organização de festas oficiais na embaixada italiana em sua honra. Portanto, é quase fora de dúvidas que em Lisboa um fio não ligue Plínio Salgado a serviços italianos.
Para resumir, gostaria de defender o ponto de vista de que é oportuno que se continue a manter relações não oficiais com os integralistas e que não há motivos para temores de informar os italianos sobre isso. Deveríamos, no entanto, nos resguardarmos de relações muito estreitas e sobretudo deveríamos evitar despertar no Governo italiano a impressão de que desejamos utilizar os integralistas para fins de política interna brasileira.
Hiermit