Le Play ficara deprimido pelas constantes revoluções na França e rejeitou as ideias "errôneas" de Rousseau em Du Contrat Social. Ele tentou, nas bases de seus estudos sociais, persuadir Napoleão III e sua corte a recriar e preservar o sistema familiar francês. Seus estudos sociopolíticos foram de tão pouca valia e persuasão que ele abandonou a política depois de 1870 e devotou sua vida ao estudo da sociologia (que sociologia! - mortinha da Silva, hoje em dia!) e a educar pessoas dirigentes de empresas por meio de encontros de intelectuais franceses da sua roda. Esses intelectuais não foram também levados em conta, na França e no estrangeiro. Le Play influiu em Oliveira Viana, como Comte estimulou Benjamin Constant, Miguel Lemos e Teixeira Mendes, um grupo restrito, fiel, acanhado, que pouco produziu de efetivo para o Brasil, enquanto o grupo influenciado por Oliveira Viana foi o mais negativo conjunto influente de toda a história do Brasil. Tanto que produziu os 20 anos mais infamados de toda a nossa história. Sem contar os das disciplinas psico e antropossociais, que não representavam a primeira linha destes estudos - e Le Play já vinha inspirado por autores secundários - os seus discípulos sociais não fizeram carreira, tal como o mestre deles. Le Play não merece maior consideração hoje. É um pensador de segunda ordem, que mesmo em sua época não alcançou renome ou reputação indiscutível. A diferença essencial entre Le Play e Oliveira Viana é que o primeiro não mudou nada no mundo da organização política e social, enquanto Oliveira Viana encontrou os Golbery, que por sua meia ciência se deixaram empolgar pelo ultrapassado e ultrarreacionário sócio-psico-antropólogo-geógrafo pensador, que não encontrou no meio civil uma única expressão intelectual que o seguisse, exceto de certo modo, mais pela admiração que pela adesão, o velho e confuso jurista Levy Carneiro, e o velho moço Marcos Almir Madeira.
Não vou repetir os nomes estrangeiros que aparecem nas páginas das suas Populações Meridionais. Só estranho que tanto nome arrevezado tenha sustentado o crítico segundo o qual os estudiosos brasileiros sabiam o que diziam os estrangeiros, mas não tinham os pés no chão da realidade brasileira. Ele, baseando-se em estrangeiros, tinha. E escrevera, fundado nesses autores e noutros ainda mais secundários - cuja contribuição desapareceu do rol social-histórico-científico - que especialmente "nas análises minuciosas da fisiologia e da estrutura das sociedades humanas, de um perfeito rigor, dão aos mais obscuros textos históricos uma claridade meridiana". Vejam só a fisiologia desta gente clareando o texto histórico brasileiro. A contradição não tem medida.
Só a simulação permite que um historiador ou sociólogo, ou cientista social, fale em análises minuciosas da fisiologia e que estas, aplicadas com rigor, dêem claridade aos mais obscuros textos históricos. Se não era charlatanice, era ignorância. E nem uma nem outra permitiria continuar afirmando que "este livro é uma tentativa de aplicação desses critérios novos [!] à interpretação da nossa história e ao estudo de nossa formação nacional". Que critérios novos