de nobreza, do luxo peninsular e sua transladação para o Brasil com a fidalguia dos donatários.
Para ele, ociosidade não significa inatividade, mas improdutividade. Excetuando os nobres aplicados na administração militar ou na das províncias ou na corte, os outros membros da nobreza nada produziam. Não eram nem podiam ser artífices: o trabalho manual desqualificava o nobre. Oliveira Viana fala muito em várias espécies de luxo, mas se esquece, porque não pesquisou, de citar a legislação portuguesa contra o luxo (3)Nota do Autor. E sai-se com esta vulgaridade: "Poder exibir este luxo com frequência e ostensividade era fonte de prestígio, de popularidade e de ascendência social. Este fato é, aliás, uma lei [!] sociológica". Baseia-se em Sombart para tratar longamente do luxo, fenômeno que aparece nos fins da Idade Média e começos da Idade Moderna. Seu tratamento do luxo nada tem a ver com o Brasil, o qual se sabe que os cronistas que dele falaram trataram de momentos excepcionais nas casas-grandes, pois o Brasil foi sempre um país cuja maioria era constituída de sobreviventes. Nem cabe citar os Ramires, os Fradiques e os Jacintos, figuras de Eça de Queirós, em pleno sédulo XIX. Sua tese é a de que a nobreza da terra, essa nobreza brasileira, foi uma réplica americana da velha nobreza peninsular e sobre ela dedica esse e os seguintes capítulos. Finalmente cita a Nobiliarquia de Borges da Fonseca, sem se referir a Pedro Tacques e Jaboatão, a segunda a mais importante de todas e a terceira é também importante. Por esse capítulo e os que se seguem, vê-se que Oliveira Viana leu os teóricos europeus, mas não leu os genealogistas brasileiros. O que critica nos outros, pratica ele próprio. Suas bases são alienadas.
As modalidades de negócio varejista e o trabalho de balcão desclassificam ao contrário dos comerciantes em grosso, traficantes marítimos e armadores. Assim também o labor agrícola e a gente mecânica não eram compatíveis com a classe nobre; em suma, praticar o comercio era causa de desnobilização. Oliveira Viana cita um trecho que diz: "Poucas pessoas se dão às letras; mas, aplicam-se muito ao comércio, gênero de vida aborrecido dos nobres, que nem podem ouvir falar em tal, tendo por gente vilíssima os mercadores". E diz mais que, em Portugal, só havia uma zona fora desse preconceito: Viana do Castelo, cujos filhos tiveram tamanha influência no Brasil, especialmente, acrescento eu, em Pernambuco. Diz que aí talvez esteja a raiz do conflito da nossa nobreza da terra, com os mascates, sempre ativos e orgulhosos. Esse mercador não poderia conseguir cartas de nobreza tendo um avô mercador, marca plebeia, pois logo vinha o indeferimento. Essa capitis diminutio só incidia sobre comerciante varejista, que era considerada gente vilíssima, enquanto o grande comércio formava a alta burguesia. Mas tudo era matéria sabida quando Oliveira