História da História do Brasil. Volume II Tomo 2 – A metafísica do latifúndio: O ultra-reacionário Oliveira Viana

Viana escreveu esse ensaio (4)Nota do Autor, com contribuição original de outros aspectos.

E assim esse seu livro segue compilando de autores teóricos estrangeiros matéria conhecida com pouquíssima contribuição brasileira, na tentativa principal de mostrar o tabu contra o trabalho manual, matéria bem demonstrada no ensaio de Sérgio Buarque de Holanda Raízes do Brasil (5)Nota do Autor. E sustenta que o descobrimento do Brasil e a sua abertura à colonização pela nova política do povoamento é que ofereceram nova terra a essas vítimas dos tabus feudais e dos preconceitos (pp. 111-12).

E continua tratando e desenvolvendo a matéria sobre a função da nobreza nas sociedades pré-capitalistas e nas capitalistas, especialmente o sentido social de riqueza nas sociedades pré-capitalistas, tentando mostrar seu desinteresse, o serviço honorífico, o espírito do bem-comum e da obra pública. Distribui à larga elogios a essa nobreza - que é sempre a mais alta, nas sociedades pré-capitalistas, enquanto nas capitalistas são os burgueses endinheirados, que carecem de tempo e de gosto para outros trabalhos que não os da produção e do comércio, os únicos que rendem.

É um ensaio de interpretação sócio-psicológica no qual ele se permite divagar sobre as características, as virtudes e qualidades da nobreza e seus serviços. Sustenta que nobreza e comércio são incompatíveis, e que a nobreza pré-capitalista e a oligarquia plutocrática dos mercadores e traficantes eram ambas aristocracia, mas, nestas, aristocracias, a escala de valores de uma e outra não era a mesma; era mesmo oposta.

A psicologia que surge dessas divagações que não se aplicam diretamente ao Brasil, mas indiretamente, por via portuguesa, servem para traçar o quadro do sentido sócio-psicológico da classe dirigente do Brasil. A inspiração é weberiana e confirma a tese de Weber das insuficiências espirituais dos dirigentes, até bem recente na empresa capitalista. Assim ele tenta indicar as ideias dominantes da nobreza em contraste com as da burguesia.

Assim, esse ensaio procura estudar a burguesia rica e a nobreza. Apenas a nobreza no Brasil, apesar de tantas nobiliarquias escritas, não chegou a ocupar o papel que teve na Europa e, antes de D. João chegar ao Brasil, era uma pequena nobreza, pobre e incapaz, e depois foi constituída de latifundiários e burgueses do comércio de alguns produtos como o açúcar e o café. Os barões do café foram os mais característicos. Sobre isso, escreveu Armitage (6)Nota do Autor que os principais negociantes e proprietários

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