História da História do Brasil. Volume II Tomo 2 – A metafísica do latifúndio: O ultra-reacionário Oliveira Viana

militarização, mas de generalização presidencial, incompetente, ineficiente, incapaz, inepta, mórbida, decrépita, ineficaz, que vai exigir grandes esforços para corrigir seus grandes males. Não foi o Exército, como instituição, o responsável pelo acúmulo de erros, mas seus chefes, os grandes culpados pela entrevação, enervação, colapso deste gigante que não pode - essa a lição histórica - nunca mais em sua história admitir generais gaúchos liberticidas ou educados no Sul, ou simplesmente tão cedo não devemos aceitar nenhum gaúcho liberticida no poder supremo. O Império não os conheceu no Poder, e só Silveira Martins se destacou pela sua inexcedível oratória, mas depois de Pinheiro Machado, que serviu de ensaio, de Getúlio a Castelo Branco e deste aos demais generais, Deus nos livre, é preferível mantê-los afastados, como sempre quis Capistrano de Abreu desde 1900, no seu artigo sobre "A Colônia do Sacramento" (14)Nota do Autor.

Em seu prefácio às Populações Meridionais, que serve de explicação metodológica de toda a obra histórico-sociológica, afirma Oliveira Viana que ela contém os estudos monográficos sobre os dois tipos sociais formados nos habitats do Sul - "o matuto e o gaúcho", que são os mais característicos.

"O gaúcho" - escreve ele - "é um produto histórico de três fatores principais: o habitat dos pampas, o regime pastoril e as guerras platinas. Estes três fatores modelam esse tipo social que é o pastor rio-grandense, cuja psicologia é particularíssima, excepcionalmente no seu aspecto político".

Já o matuto é formado nas regiões montanhosas do Estado do Rio, no grande maciço continental de Minas e nos platôs agrícolas de São Paulo; ele constitui uma outra diferenciação social que resulta de "reações mesológicas [notem a influência geográfica ou geopolítica] e da preponderância do regime agrícola e por certos fatores políticos e administrativos, que não chegam a atuar com eficiência sobre o grupo rio-grandense e sobre o grupo setentrional". Reparem bem o determinismo geográfico de que se serve Oliveira Viana para caracterizar seus povos.

Declara, então, que o volume primeiro das Populações Meridionais - o único que publicou em vida - é dedicado ao matuto, cuja influência é das maiores, das mais acentuadas e das mais flagrantes. Esse volume é inteiramente dedicado a ele, à investigação da sua história, à análise da sua estrutura, à definição da sua mentalidade. O estudo desse tipo não podia deixar de ser um estudo central. Por dois motivos sobre ele devia recair todo o rigor da análise e da crítica. Primeiro, porque o peso específico da massa social é dado pelo homem de formação agrícola, o matuto do Centro-Sul. O gaúcho e o sertanejo, ambos de formação pastoril, são tipos muito regionais, localizados em zonas limitadas e cuja história tem um campo de ação restrito às raias de seu habitat gerador. Os tipos urbanos não passam de variantes, de reflexos do meio

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