a que pertencem - variantes do sertanejo, variantes do gaúcho, variantes do matuto. Mas para ele sua posição é secundária, "porque, na realidade, o tipo rural que os defronta, praticamente os subordina". Segundo, porque o grande centro de gravitação da política nacional, depois da Independência, se fixa justamente dentro da zona de elaboração do tipo matuto.
Considero uma generalização descabida atribuir ao tipo matuto a elaboração da Independência, pois suas principais figuras nada têm com o tipo matuto. Imagine-se um José Bonifácio um tipo matuto! Só rindo dessa ingenuidade pseudocientífica. Bem, homens saídos do Sul e do Norte urbanos, principalmente, colaboraram muito na construção e organização da Independência (15)Nota do Autor.
Promete Oliveira Viana estudar no volume Populações Setentrionais o tipo social formado nas regiões secas do Nordeste, o tipo social do sertanejo, cujo espécime mais representativo é o "homem das caatingas cearenses". Este tipo era, para ele, como o gaúcho, de formação pastoril, mas não só o seu habitat particular, que é o sertão do Norte, atua como agente diferenciador específico, como mesmo as circunstâncias históricas e sociais, dentro das quais o tipo sertanejo evolui e se constitui, tornam distintos os dois pastores, o do Norte e o do Sul, o "pastor das caatingas" e o "pastor dos pampas". E prometia ainda mais completar a análise das populações setentrionais em outro pequeno ensaio, no qual faria o estudo do tipo sertanejo na sua expansão pela hileia amazônica, onde se mostra sob a feição caucheiro e explorador de seringais. Primeiro, ele não escreveu e dificilmente escreveria sobre as populações setentrionais, pois não parece compreender o nordestino, e sua obra revela bem essa faceta da sua incompreensão brasileira; segundo, porque é comum nele confundir o nordestino com o nortista; terceiro, porque aponta o homem da caatinga cearense como o espécime mais representativo do nordestino, o que é outro sinal da sua incapacidade de compreender o homem regional nordestino.
Esse fluminense mal compreendeu o fluminense, pois só viu o fluminense conservador, o que nasce e vive no latifúndio do Estado do Rio. O que ele sabe do carioca? Onde aparece o carioca? E o gaúcho que surgiu depois de sua morte era confundido com o liberticida do Rio Grande do Sul, com Getúlio Vargas, seu benfeitor, que conheceu de 1930-1945 - e não o de 1951-1954, que era outro, era o inverso, era libertador, este ele não o conheceu, pois Oliveira Viana faleceu em 1951.
Dificílimo seria estudar o sertanejo da hileia amazônica, o caucheiro e o explorador de seringais, pois toda a sua compreensão nasce e se desenvolve partindo do latifúndio e do dono do latifúndio, e não do homem nômade, movediço, andarilho. Daí os despautérios que Viana afirma sobre os bandeirantes (trataremos deles mais adiante).