A vida do Visconde do Uruguai (1807-1866) (Paulino Soares de Souza)

um estudo mais completo, no qual o latim predominava.

Mais ou menos por esse tempo, — fins do século XVIII ou começo do XIX, — enquanto a maioria dos habitantes do lugar festejava a ereção do arraial em vila, deixava os sertões de Paracatu, com destino ao Rio de Janeiro, um moço, de nome José Antônio Soares de Souza. Nascera em Paracatu, no dia 19 de abril de 1780, e era filho do guarda-mor Francisco Manuel Soares de Souza Viana e de sua mulher Dna. Romana Francisca de Moura. Pelo ramo paterno, descendia de antiga família da Ilha de Santa Maria dos Açores e, pelo materno, dos Mouras de Sabará, bandeirantes que, no século XVII, se fixaram nessas ricas paragens mineiras. Chegando ao Rio, embarcou para Portugal; mas, uma vez em Coimbra, pensa partir. Brasil e Portugal eram, na realidade, a mesma coisa, a mesma língua, o mesmo rei e os mesmos hábitos. De Portugal, dirigiu-se a Paris, onde chegou, mal expirara o Diretório, no começo do Consulado. Paris inteira delirava diante das primeiras vitórias de Napoelão. José Antônio, um pouco pasmado pelo que via, pois tudo era tão diverso do que em sua terra longínqua e selvagem vira, apreciou atentamente toda a beleza desse mundo novo que se revelava inesperadamente aos seus olhos deslumbrados, porém não se deixou cegar pelo esplendor de Paris, que conservava ainda o eco das vozes de Mirabeau e Danton e as ruas tintas de sangue derramado pela liberdade. Em Paris, matriculou-se na universidade, no curso de Medicina, onde fez os seus estudos com dificuldade, por falta de recursos, tendo, mesmo, de ensinar latim, língua que conhecia perfeitamente bem, para conseguir o necessário ao seu sustento.

Ainda estudante, casou-se José Antônio, em outubro de 1806, com Dna. Antoinette Gabrielle Madeleine Gibert,

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