de autor de tragédias: "je serais bien fachée", escrevia-lhe ela, "que tu fasses le métier d'auteur".(4) Nota do Autor
Aos 11 anos de idade, chegou Paulino a São Luís, onde foi posto num colégio. A vida que levou no Maranhão foi agradável e distraída: estudava também, mas a liberdade que possuía, os amigos e divertimentos que frequentava deixariam nele, para sempre, uma lembrança inapagável. De noite, depois de preparar as lições para o dia seguinte, ia para o quarto de sua mãe conversar. "Je me rappelle", lembrava-se ela mais tarde, "ce temps ou tu venais m'y chercher, pour causer avec moi, tu étais ennuyé, j'étais triste, et le plus souvent nous finissions par rire ensemble". Assentado ao lado dela, ouvia Dna. Antoinette falar, com o sentimentalismo acentuado de romântica e o patriotismo heroico de francesa, de seu bom país de França; contar as legendas e a história da França, e recitar os seus poetas prediletos. "Mais de ce doux pays où tu pris la naissance", dizia-lhe ela, "Ne puis-je rappeller la faible souvenance — Et dévoiler ici une crainte sans détour — Que tu n'oublies bientôt où tu reçus le jour?"
Paulino terminou o seu curso no colégio, em 1822. No ano seguinte, separar-se-ia de seus pais, pois chegara à idade de se matricular na universidade e de tirar a carta de bacharel em Coimbra, credencial indispensável a um rapaz para almejar qualquer posição futura. Assim, de abril de 1823 em diante, estará livre e senhor de seus atos. Mas a liberdade que aspiramos em criança é muito boa, enquanto a não possuímos. Então, sonhamos com o dia em que seremos livres de qualquer tutela e, corajosamente, procuramos apressar esse dia. Nem tudo, porém, é tão fácil como se imagina aos 15 anos de idade. Na hora tudo nos seduz e o desconhecido nos arrebata. Pouco a pouco, a tristeza e a saudade fazem-nos sentir a realidade de nossa impotência e ver que não somos