A vida do Visconde do Uruguai (1807-1866) (Paulino Soares de Souza)

ouvrage." Mas, enquanto Deus não fazia realizar-se essa grande obra, ela, um pouco despeitada no que de mais sensível possuía: ser francesa, que Deus não levava muito em consideração, continuava a escrever a seu filho, encaminhando-o no bem e tentando incutir-lhe o amor, que nela transbordava, pela França. Paulino, embora nascido em Paris, sentia que o Brasil era a sua pátria, o país em que seu pai nascera e onde ele passara a sua infância. E, ainda que isso causasse à sua mãe um grande pesar, ele não o escondia e escrevia-lhe falando das saudades que tinha do Maranhão. Dna. Antoinette, no entanto, não podia compreender, sem tristeza, que, entre o Brasil e a França, se escolhesse o Brasil e quem fizesse semelhante escolha fosse justamente o seu próprio filho. Infrutíferas as suas primeiras tentativas, não desanimou; pensou num meio mais enérgico de convencê-lo. Conhecendo a sensibilidade do filho, escreveu um poema, cuja finalidade era a de lhe despertar o entusiasmo e orgulho de ter nascido em França. Os versos de que se compõe o poema, cerca de 180, têm sua beleza e inspiração, ainda que neles Dna. Antoinette exalce os méritos da França e descreva, com visível hostilidade, a vida atrasada no Brasil de então. Para conseguir o seu objetivo, dizia ela a Paulino:

"Si le bonheur te sourit, accepte ses largesses

Mais ne les obtiens pas au prix d'une bassesse

Et, si l'on te demande en quels lieux tu naquis,

Réponds toujours, réponds: La France est mon Pays."


Para Dna. Antoinette, a única felicidade consistia, além da de ser francesa, em conservar o coração do filho inteiramente francês: "Si je conserve en toi un coeur toujours français."

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