A vida do Visconde do Uruguai (1807-1866) (Paulino Soares de Souza)

hemiplégico do lado esquerdo. Os últimos meses de 1862 passou em Petrópolis, restabelecendo-se, em parte, da grave enfermidade que o acometera. Só em julho de 1863 voltou ao Rio de Janeiro; mais velho e alquebrado. A sua letra modificou-se também; continua legível, porém trêmula, e nota-se o esforço que devia fazer para escrever. Um sintoma que aparece então e que caracterizará a última fase da vida do Visconde do Uruguai, é o desassossego. Ele que, durante o período de maior atividade de sua vida, jamais se afastara da rua dos Inválidos e que a mudança daí para a chácara do Macaco, no Andaraí, apenas por alguns meses, se afigurava uma revolução, hoje vive quase como um saltimbanco. É em Petrópolis que, por duas vezes, procura lenitivo para o seu mal, de fins de 62 a julho de 63 e nos primeiros meses de 64. De Petrópolis segue para a Tijuca; passa alguns meses na Gávea, em casa de Pimenta Bueno; volta para a cidade para o Caminho Velho de Botafogo, e tenta partir para Águas Virtuosas. A sua vida, como sempre, passa rapidamente; agora, em mudanças contínuas.

A política entrara em uma nova fase. A liquidação da conciliação se processara e, da confusão dos partidos, aparecia, em 1863, um novo composto híbrido de elementos liberais e conservadores. Era a liga, como chamavam, ou o Partido do Progresso. Esta fase, final da liquidação dos partidos de 37 que substituiu a conciliação, caracterizou-se pela fraqueza dos governos, que já não mais tentavam dirigir e dominar os acontecimentos. Ao contrário, eram levados aos empurrões. De 63, quando se procedeu as eleições para a vitória da Liga, a 68, quando, como entrou, saiu por uma dissolução do poder, este fora, como diz Nabuco, "apenas um campo esteril de recriminações", para o partido. Neste lustro, no entanto, quantas crises não assolaram o Império!

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