História político-econômica e industrial do Brasil

as indústrias de base e em ter sido a experiência de um planejamento que, pela primeira vez, se levou à prática entre nós.

Não obstante seus inegáveis lados positivos, foi ele objeto de críticas, mesmo de técnicos responsáveis pela sua execução. Assim, um deles achou que a programação apoiou-se excessivamente em dólares (43% como vimos antes), moeda escassa entre nós, dizendo constituir isso um erro, pois "a regra de ouro de todo projetamento é poupar recursos escassos e mobilizar recursos abundantes. Em outras palavras, o programador no Brasil deve raciocinar essencialmente em cruzeiros e secundariamente em dólares".(2) Nota do Autor

Outra crítica levantada refere-se à adoção no programa de algumas usinas elétricas gigantes, quando, se fossem planejadas em dimensões mais modestas, embora em maior número, poderiam ter-se utilizado equipamentos nacionais em maior quantidade, poupando assim divisas escassas.

A terceira ordem de crítica partiu da corrente adepta da economia ortodoxa, referindo-se ao aumento desmesurado do volume de emissões, aumentando com isso os fatores inflacionários já vigorantes no país. O desenvolvimento desses fatores, durante toda a década, pode ser visto no quadro da p. 395.

Os dados evidenciam que, a partir da segunda metade do decênio, todos os índices foram agravados de maneira bastante considerável (tempo de execução do Programa de Metas). Mas, trata-se de assunto de que nos ocuparemos mais adiante, ao realizar o balanço de nossa industrialização.

Como vimos, o Programa de Metas dedicou mais de dois terços de seus recursos em incrementar a infraestrutura, ou seja, energia e transporte, porque eram os dois setores de maior retardo em nossa expansão, comprometendo assim o próprio desenvolvimento futuro. Em vista disso, o poder público passou a projetar e a construir as usinas elétricas de que carecíamos, pois as concessionárias desses serviços, empresas estrangeiras em sua quase totalidade, se desinteressavam completamente por elas, alegando as baixas tarifas cobradas. Por outro lado, tendo o governo comprado as estradas de ferro pertencentes às companhias

História político-econômica e industrial do Brasil - Página 394 - Thumb Visualização
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