Do Brasil filipino ao Brasil de 1640

CAPÍTULO V

DA TOMADA DE PERNAMBUCO AS VÉSPERAS DE 1640

A conquista de Olinda provocou um forte abalo no reino. Apesar de não constituir surpresa o engodo com que os holandeses desejavam vingar-se do insucesso da Bahia, a notícia traduziu-se em calamidade nacional, no ânimo das gentes e no consenso da própria Corte.

Não causa, aliás, espanto essa reação. Não só aquela capitania era a mais rica do Brasil e com o maior número de moradores brancos, como também o comércio que dali se fazia com o reino implicava muitos interesses privados, agora com a ameaça da ruína. A linha comercial de Pernambuco ligava-se à dos portos de Lisboa, Porto, Setúbal, Viana do Castelo, Faro, Aveiro e outros de menos importância, envolvendo acionistas e comerciantes, mestres e tripulantes de navios, que assim perdiam seus capitais e a fonte constante do seu rendimento comercial. Era também a sorte dos familiares com residência em Olinda, que preocupava muitos naturais do reino. E não deixava, enfim, de constituir uma ofensa aos brios da Nação a perda — para muitos, irreparável — dessa capitania que era "a capital açucareira do Brasil".

Quando chegaram as primeiras notícias, vindas do Porto e das ilhas, não se quis acreditar no desastre. Constava que Matias de Albuquerque, sabendo que os holandeses se tinham fixado na ilha de Fernão de Noronha, enviara ali uma nau para

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