da Fonseca, momentos que se tornaram também decisivos para a História do país.
O resultado é que, se os presidentes de Conselho governavam o país na totalidade de sua unidade sob a vigilância do Imperador, administravam diretamente as províncias, por meio dos presidentes, isto de modo livre, ilimitado e sem qualquer fiscalização por parte do Poder Moderador. E "faziam" as eleições...
O que os críticos da situação, antigos e modernos, políticos e historiadores jamais sentiram perfeitamente é que o problema eleitoral, no cerne do "sorites de Nabuco" era antes social do que puramente político e legal(11) Nota do Autor.
Toda a argumentação do grande jurista perderia a sua consistência se as eleições fossem feitas pelo eleitorado e não pelo governo. Ou, antes, se houvesse um eleitorado que reagisse espontaneamente. Ora, para isto, impunham-se condições de ordem legal e institucional e, principalmente, social.
No primeiro caso, metade do problema foi resolvido pela lei Saraiva, não pela eleição direta, vantagem secundária e puramente formal, sem outro valor além de economizar uma etapa no processo eleitoral; o importante, o essencial, o verdadeiramente revolucionário, o que marcaria época e daria a Rui Barbosa a sua grande oportunidade na história do país, a sua conquista democrática, o que faria da lei Saraiva, no dizer de Sabino Barroso, o ponto de glória do Partido Liberal era algo de modesto na aparência, mas profundo em suas consequências: o título eleitoral. A introdução do título eleitoral e, como resultado, a instituição de um eleitorado permanente, pondo fim à comédia das "qualificações", estabilizou a vida política em bases sólidas. Foi o primeiro golpe de morte na ação dos presidentes de província e seus agentes locais, os delegados. Se as autoridades locais não mais podiam "fazer" o eleitorado, agora não lhes seria muito fácil "fazer" as eleições. Antes, votava quem o governo, vale dizer, os presidentes de províncias, queriam. Agora, o eleitor, uma vez alistado, com