Era, pois, quase ilimitada a ação dos presidentes de província. Graças a eles, os presidentes de Conselho faziam e desfaziam as situações políticas exatamente onde a política tinha origem: nas províncias. O corpo eleitoral nascia da vontade destes agentes dos chefes do governo(10) Nota do Autor.
Vamos assinalar, com mais atenção, dois aspectos da ação onímoda dos presidentes de província.
O primeiro refere-se à polícia. O chefe de polícia dependia do governo-geral, estando sujeito ao Ministério da Justiça. Mas os delegados e subdelegados eram de nomeação dos presidentes de província, por indicação do chefe de polícia, homem, também, de seu partido. Como consequência evidente disto, os órgãos de base da polícia, cujo interesse é, até hoje, grandíssimo, dependiam, unicamente, do alvitre dos governos provinciais. O Imperador não podia exercer a sua "suprema inspeção", nem o "lápis fatídico" teria aplicação. É facílimo sentir os resultados de semelhante situação. Dada a sua importância, veremos no fim este tema, com amplo desenvolvimento.
O outro aspecto liga-se à Questão Militar: o comandante de Armas de cada província estava sujeito ao seu respectivo presidente. Como resultado ocorriam várias situações perigosas:
a) comandantes de Armas articulados à ação política dos presidentes e, pois, envolvidos, com a tropa, na política partidária;
b) presidências ocupadas por elementos da classe militar, mas de posto inferior ao do comandante o que, fatalmente, criava situações embaraçosas para a boa disciplina e as normas hierárquicas;
c) animosidade política ou pessoal entre o comandante de Armas e os presidentes de província, o que gerava atritos perigosos.
E para que se verifique não terem caráter meramente acadêmico estas hipóteses, basta recordar que as duas últimas se deram em momentos decisivos da carreira militar de Deodoro