GLOSSÁRIO
de palavras, corruptelas e expressões atualmente em desuso, ou mal conhecidas, ou ainda de emprego regional, no Nordeste, encontradas nos livros manuscritos do "Campo Seco" e em muitos outros documentos do arquivo do "Sobrado do Brejo".
Séculos XVI a XIX
(NOTA: apresenta-se, para cada palavra, ou expressão, apenas o significado, ou o sentido, aplicado, ou pretendido, pelos autores dos manuscritos e documentos)
ADESTRO, adj. - animal de reserva, para muda no caminho; animal que vai puxado pela rédea para revezamento. Pinheiro Pinto escreveu: "adestra").
ALFENIM, s. m. - doce de calda de açúcar; "puxa-puxa" de açúcar branco. Na confecção deste doce (bala) não entrava o leite de coco. Hoje é usual o emprego deste ingrediente (anotação do lexicógrafo José Batista da Luz).
ALVADO DE FOICE - conjunto ou " raiz " da ferramenta, onde se adapta o cabo; no "alvado" está compreendido o "olho", que é o vão propriamente dito. (Pinheiro Pinto escreveu: "eivado").
ANCOROTE, s. m. - barrilete usado no transporte de água, vinho, aguardente. (Pinheiro Pinto escreveu: "ancarote").
ARREADURA, s. f. - arreios. (Pinheiro Pinto escreveu: "uma arreadura de prata").
ARRUMAÇÕES, s. f. pl. - disposições, conveniências, gastos. (Pinheiro Pinto escreveu: "Dinheiro que empresto a minha comadre para as suas arrumações").
ATENRAR UMA FERRAMENTA - tornar a ferramenta de têmpera mais mole, ou branda.
AZULÃO, s. m. - tecido grosso de algodão, de cor azul; era pano ordinário, de inferior qualidade.
BACIA-DE-PÉ-DE-CAMA - urinol. (Pinheiro Pinto escreveu: "bacia pé de cama").
BADAME, S. m. - um tipo de formão.
BAETÃO, s. m. - variedade grossa do tecido de lã denominado "baeta".
BAIXO - "Seguir para baixo" (ou "ir para baixo") significou ir para a cidade do Salvador da Bahia. "Vir de baixo" significou vir da mesma procedência. (Essas expressões foram empregadas por Pinheiro Pinto, que morou no alto sertão da Bahia).
BATER UMA FERRAMENTA - alisar ou estirar o guine da ferramenta, livrando-o de rugosidades, dentes...
BATOQUE, s. m. - rolha de pipa ou de barril. (Na receita para confecção de vinho de laranja lê-se: "batoque formado de barro misturado com sal").
BENTEVI (?) - algum aviamento para costura? (Época: 1862).
BESTA, S. f. - o mesmo que égua, no linguajar dos currais nordestinos.
BESTA, s. f. - arma antiga que servia para o lançamento de pelouros e setas. (Citação no "Traslado dos privilégios concedidos aos Familiares do Santo Ofício").
BOI CAMISA (?) - relacionar-se-ia a expressão a alguma particularidade genésica, ou de aspecto, do animal?
BOI CANSADO - seria o reprodutor que perdeu o vigor, as propriedades genésicas.
BOI CAREÚNA - (ou "boi caraúna") - animal de cor preta, da mesma cor do pássaro "graúna".
BOI PINTADO - animal que apresenta grandes manchas crômicas, ou acrômicas, no pelo.
BOLEEIRO, S. m. - significaria o "madrinheiro" da tropa? (Na época, isto é, em 1820, não havia carruagens e nem cocheiros na região do Campo Seco).
BOTE DE RAPÉ - pacote de papel estanhado, que continha o tabaco em pó, ou rapé. (Época: meados do século XIX).
BOTIFARRA, s. f. - bota grande, grosseira, de couro cru.
BRABANTE, s. m. - forma antiga e popular de "barbante".
BRETANHA, s. f. - variedade dos tecidos de linho e de algodão. Fabricou-se originariamente na Bretanha, França. Posteriormente, outros países manufaturaram o tecido, como a Suécia. Era de boa qualidade. (Pinheiro Pinto escreveu: "bertanha").
BRIM LONADO DE LINHO - fazenda inglesa de brim de linho lonado, isto é, de brim de linho grosso.
CABEÇÃO, s. m. tributo, ou imposto, coletado individualmente, "por cabeça". O dicionarista A. de Morais Silva registra a palavra como "substantivo feminino antigo", significando "capitação". (Citação no "Traslado dos privilégios concedidos aos Familiares do Santo Ofício").
CABRA, s. m. e s. f. - mestiço de negro com mulato.
CACIMBA, s. f. - escavação no solo das várzeas ou no leito oco de rios temporários, para atingir lençóis d'água; poço artificial. (Inocêncio Canguçu escreveu, em 1823: "Caximbas").