sustos pela insegurança dos mares da época. Em tempo fora avisado em Viena o marquês de Marialva, por D. Miguel Forjaz, secretário do governo de Lisboa, "da existência de um grande número de corsários, talvez americanos, mas com títulos de insurgentes da América Espanhola que tem começado a hostilizar o nosso comércio, tendo já tornado perto da Ilhas dos Açores um navio importante da Bahia, chamado 'S. João Protetor' que se dirigia para este porto de Lisboa". Causara pânico na notícia "em todo o comércio desta praça" e prosseguia, que à vista disso se tornava prudente "segurar a chegada de importantes navios da Ásia, e da América, que aqui se esperam", destacadas a fragata "Amazonas" para cruzar nas alturas das ilhas e ao longo da costa a "D. Pedro", um dos vasos anteriormente indicados para em Liorne incorporar-se à escolta da arquiduquesa.
Começara apenas a arrefecer o tufão que no fim do século 18 soprara sobre o mundo. "Cessa a tempestade, serenam-se os ares", transcreveu à guisa de epígrafe conhecido romancista na portada de uma de suas obras, porém, em 1817, pouco após a queda de Napoleão, ainda rolavam nos mares vagalhões da procela. Tinham os caudilhos do sul do continente contratado mercenários para ajudá-los na luta contra os europeus. Desde oficiais superiores do porte de Lord Cochrane, até aventureiros mais prejudiciais que úteis, eram aliciados para o fim. Um tal Illinworth, a serviço do Chile, assolou, no comando da fragata batizada com o poético nome de "Rosa de los Andes", o comércio espanhol do Pacífico. Outros o imitavam nas costas do Peru até o Panamá, chegando às vezes ao México, e, mais longe, ainda, às Filipinas; "Ia capacidad de los buques corsarios", escreve Encina, "se hacia insuficiente para recibir a los numerosos individuos que solicitaban embarcarse con ellos, atraidos por las aventuras, de las presas y delos saqueos". Típico no gênero era o francês Hipólito Bouchard, o qual saído do Prata em 1817, com patente de corso argentina destinada à Índia, resolveu mudar de rumo na hora em que Ender velejava para o Brasil. Parecera-lhe mais rendoso seguir além, e foi ter às Filipinas já assoladas por outros meliantes, "pero peleando al mismo tiempo con los buques de todas nacionalidades que creia más débiles, inclusive los demás corsarios chilenos, y dando a los prisioneros un tratamento inumano". Releva o historiador o aspecto em que, acaso a ação dos corsários por vezes parecesse útil na campanha da independência, em outras