Deodoro: a espada contra o Império Tomo 1 – O aprendiz de feiticeiro (da Revolta Praieira ao Gabinete Ouro Preto)

e das soluções que pudessem ser oferecidas aos problemas nacionais pelos velhos partidos, em que o trono se apoiava e que, por sua vez, dele tiravam o seu prestígio. Encerrada que fora a "questão militar", escrevia Floriano Peixoto, de Alagoas, a um dos seus amigos, o tenente-coronel João Neiva de Figueiredo: "Vi a solução da questão da classe, excedeu sem dúvida a expectativa de todos. Fato único, que prova exuberantemente a podridão que vai por este pobre país e, portanto, a necessidade da ditadura militar para expurgá-la. Como liberal, que sou, não posso querer para o meu país o governo da espada; mas não há quem desconheça, e aí estão os exemplos, de que ele é que sabe purificar o sangue do corpo social, que como o nosso está corrompido".(*) Nota do Autor Quem assim pensava, em 1887, não podia, em 1889, morrer de entusiasmo pela monarquia, embora tendo recebido dela, nesse ano, a promoção a marechal de campo, a nomeação para ajudante-general interino e três altas condecorações. Realista, frio, cauto, Floriano Peixoto tirava do velho regime os proventos que este lhe oferecia, servindo-o, porém, sem fervor e sem entusiasmo. Quando as circunstâncias exigissem um pronunciamento decisivo, a convicção íntima, externada em sua correspondência privada dois anos antes, e o espírito de classe, de que estava imbuído, o colocariam ao lado não da monarquia, mas dos que forcejavam por derrubá-la.

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