Deodoro: a espada contra o Império Tomo 1 – O aprendiz de feiticeiro (da Revolta Praieira ao Gabinete Ouro Preto)

terceiro reinado sob a tutela de um príncipe estrangeiro. Esta é, já então, a impressão de muitos dos estadistas do Império que entre si discutiam o assunto. Cotegipe antecipara-se aos fatos em 1888, numa frase à princesa Isabel: "Vossa Alteza libertou os escravos, mas sacrificou o trono". Desaparecera do rol dos vivos antes de se cumprir a profecia. Mas outro conservador, o conselheiro Antônio Prado, a 22 de junho de 1889, veicula abertamente a ideia da incorporação dos seus correligionários ao movimento republicano, em entrevista à Gazeta da Tarde. Afirma: "Os dias da monarquia estão contados. Os conservadores devem tomar a peito fazer a transição para a República, sem abalos, nem efusão de sangue". A entrevista causa sensação. Afinal, um conservador de alta responsabilidade na vida pública do país, uma figura que ainda há pouco participara de um ministério, ousara dizer em voz alta o que tantos dos seus próprios correligionários sussurravam em confidências! Taunay confessa em seu diário que a entrevista "reproduz exatamente tudo quanto este me dissera no dia 19, no ponto dos bondes, esquina da Rua do Ouvidor". O imperador continuava ensimesmado, ausente, apático, desinteressado da própria sorte e da de sua dinastia. O problema que ainda conseguia então empolgá-lo era o de vencer as dificuldades existentes para que fosse afinal montada num dos teatros de Corte a ópera "Lo Schiavo"(*), Nota do Autor de seu protegido, o maestro Carlos Gomes...

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