extremo de se concertarem muitos deles para sustentar o Congresso contra o presidente, era coisa que não lhe podia entrar no entendimento. O gesto teatral da renúncia fora várias vezes esboçado e tinha bastado isso para colocá-lo a cavaleiro dos que queriam contrariá-lo, por um motivo ou por outro. Dessa vez, não. Tinha-lhe imposto um dilema: ou a renúncia, ou a luta. Já não o consideravam o homem providencial, a figura imprescindível, aquele cujo prestígio se fazia necessário à implantação como à manutenção do novo regime. Tomara de uma folha de papel e traçara o seu pedido de reforma(*).Nota do Autor Fora, durante menos de dois anos, aquilo que uma vez enunciara, numa entrevista de jornal: "o galo na torre". Agora, nada mais queria ter que ver com militares e quartéis.
Deu-se, então, essa transformação singular, na vida de um homem que, desde os dezesseis anos, fora um soldado, nada mais que um soldado, sempre e sempre um soldado: foi como civil, como simples cidadão, como paisano, que quis viver os seus últimos meses de vida. Fez comprar uma grande lata. Quando chegou em casa o estranho volume, dona Mariana o interrogou:
- Para que quer isto, Manuel?
- Para que aqui sejam colocadas todas as minhas fardas e condecorações. Depois, fecha-se a lata bem fechada e... adeus!
- Adeus? Que significa isto?
- Vou mandar atirá-la ao mar...
Não chegou a fazê-lo, devido à oposição da esposa e dos parentes. Era demais, aquilo. Mas o episódio, de absoluta autenticidade, bem demonstra quão fundo foi o ressentimento do generalíssimo, ontem festejado, aclamado, homenageado, adulado, hoje um enfermo quase ao abandono, cercado apenas dos seus e de um ou outro amigo fiel, como o Barão de Lucena.
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A renúncia de Deodoro seguira-se a imediata derrubada dos governos estaduais que se tinham solidarizado com o