Deodoro: a espada contra o Império Tomo 2 – O galo na torre (Do desterro em Mato Grosso à fundação da República)

dos Barbonos, executou, à passagem do lento cortejo, uma marcha fúnebre. No Campo de Santana, foi o esquife colocado no lugar de onde, a 15 de novembro, mandara Deodoro sua intimação ao ministério de Ouro Preto. Aí fez vibrante discurso o senador pelo Rio Grande do Norte, Amaro Cavalcanti, que pediu ao povo que jurasse, sobre aquele corpo inanimado, fidelidade à República, conservando puras as intenções do seu fundador e consolidando-a pelo exemplo do patriotismo, de que o morto dera as melhores lições. Depois, foi o caixão colocado sobre o coche fúnebre, que o conduziu ao cemitério de São Francisco Xavier, acompanhado por cerca de duzentos e cinquenta carros. Na Rua de São Cristóvão, em frente ao respectivo quartel, formaram a oficialidade e praças do 3.° Batalhão da Brigada Policial. Ao descer à sepultura, na quadra onde estavam sepultados a mãe de Deodoro e seus irmãos, o Barão de Alagoas e o marechal Hermes Ernesto da Fonseca, foi o corpo encomendado pelo cônego Molina, fazendo-se ouvir, em seguida, vários oradores, entre os quais o Dr. Manuel Timóteo da Costa, pelo Clube Tiradentes; Epitácio da Silva Pessoa, deputado pela Paraíba do Norte, e o tenente-coronel Espírito Santo.

Sob uma chuva de flores, baixou à terra o caixão. Em redor, podiam ser vistas as figuras mais centrais dos acontecimentos ocorridos desde o dia 15 de novembro: Floriano Peixoto, Antônio Enéias Gustavo Galvão (ex-Barão do Rio Apa), general Frederico Sólon Ribeiro, almirante Custódio José de Melo, Rui Barbosa, Francisco Glicério, almirante Saldanha da Gama, Barão de Lucena, general Jaques Ourique, deputado Lauro Müller, conselheiro Tristão de Alencar Araripe, Campos Sales, tenente-coronel Serzedelo Correia, almirante Foster Vidal, conselheiro Rodrigues Alves, senadores, deputados, altas patentes do Exército e da Marinha, homens que representavam os três períodos da vida republicana, até então: os do Governo Provisório, os do governo constitucional que desembocara no golpe de Estado e os do florianismo, instalado no poder desde 23 de novembro do ano anterior.

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