Só uma vez acontecera tal coisa em toda a vida do Império! E isso ocorrera com a eleição de Teófilo Otôni, ao mesmo tempo, pelas províncias de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, que incluía o município neutro, isto é, a capital da nação. Mas Teófilo Otôni era um político de excepcional relevo, com eleitorado certo, com admirações arraigadas no Brasil inteiro, ao passo que Carlos de Laet era um noviço, um estranho no meio político, não possuindo tradições parlamentares, não tendo ainda dito ao que vinha...
Deodoro também se pronunciou sobre as eleições. Ao passar por Santos, na viagem de regresso, concedeu a um jornalista, 12 de setembro, uma entrevista muito significativa. O entrevistador, que representava o Diário da Manhã, lhe perguntou o que pensava dos resultados do pleito. A resposta de Deodoro reflete certa ingenuidade ou, quando menos, ausência de malícia:
- As eleições me surpreenderam. Eu sempre contei que o governo fizesse dois terços da Câmara e que os conservadores e republicanos fizessem o outro terço...
Surpreendia-o o funcionamento perfeito da máquina liberal, montada com mão de mestre por Ouro Preto, através dos seus delegados, assegurando ao gabinete liberal o apoio da Câmara quase unânime. Era a resposta do presidente do Conselho aos "vivas à República" com que fora saudado na apresentação do ministério. A representação liberal maciça era um motivo a mais de exasperação para os que se opunham à monarquia. As simpatias de Deodoro se inclinam para estes. E na entrevista de Santos surgem suas primeiras afirmações favoráveis aos republicanos, ainda que tímidas e reticentes. Pergunta-lhe o repórter:
- Que fim levaram os republicanos?
- Nas províncias do Sul, pelo menos, - é a resposta de Deodoro, - o Partido Republicano foi o único que se apresentou em campo, disputando galhardamente a vitória às forças do governo.
- Os conservadores abandonaram a arena? - indaga o jornalista.
- É exato. Os conservadores mostraram-se medrosos, fracos e traidores, - responde o marechal.