Deodoro: a espada contra o Império Tomo 2 – O galo na torre (Do desterro em Mato Grosso à fundação da República)

da província. Militara o capitão no Partido Conservador, no qual, em 1887, promovera um movimento que lograra destituir de sua chefia provincial o velho chefe, Dr. Israel Rodrigues Barcelos, em favor do Dr. Francisco da Silva Tavares. Candidatara-se a deputado provincial, logo depois, mas fora derrotado. Desgostara-se da política conservadora e tendia, agora, para o republicanismo, estabelecendo ligações com os líderes desse movimento em Porto Alegre. Eram tão ostensivas as suas atividades que Silveira Martins resolveu pedir ao ministro da Guerra que o transferisse dali para a Corte.

Desembarcando no Rio de Janeiro a 6 de outubro, seis dias depois o capitão Mena Barreto procurava o marechal Deodoro, na residência deste, para fazer-lhe amargas queixas acerca da "ditadura" que o senador Silveira Martins estava exercendo no Rio Grande do Sul.

A presença desse capitão, sua revolta contra a transferência que o forçara a deslocar-se, com a família, do ambiente a que se habituara para um meio novo, a tenacidade com que se empenhava em modificar, fosse como fosse, o estado de coisas reinante no país, teriam uma influência decisiva no curso dos acontecimentos. As armas estavam carregadas, as escorvas prontas. Faltava apenas quem lhes chegasse fogo. O detonador, a espoleta, foi, sem a menor dúvida, o capitão Mena Barreto. Este sentira até que ponto ia o ressentimento de Deodoro contra a política de Ouro Preto. Por conta própria, começa a fazer articulações. Procura camaradas, promove reuniões, agita-se, com um agudo senso de oportunidade e um dinamismo raro.

Quer falar de novo a Deodoro, mas este está de cama, bastante pior de sua implacável enfermidade, consumindo-se em dispneias terríveis. O médico assistente, Dr. Carlos Gross, recomenda-lhe repouso. Dona Marianinha, a enfermeira dedicada, obriga-o a guardar o leito. Nada de visitas. Mena Barreto entende-se com os sobrinhos de Deodoro, Clodoaldo, filho de Pedro Paulino, a quem o tio tantos conselhos dera, para que não pensasse em república, e Hermes Rodrigues da Fonseca, filho primeiro do mais velho de seus irmãos, o marechal Hermes Ernesto da Fonseca, então comandante das

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