A milícia cidadã: a Guarda Nacional de 1831 a 1850

CAPÍTULO X

UMA INSTITUIÇÃO EM MUDANÇA

A história da Guarda Nacional, nos seus primeiros 19 anos, esteve estreitamente ligada ao esforço desenvolvido pelo Governo na manutenção da integridade nacional. A ação pacificadora da milícia cidadã, a valorização da prestação de serviços cívicos tornaram-na o principal elemento de sustentação do Trono e conservação do regime monárquico.

Refletiu a corporação as contradições da sociedade brasileira da primeira metade do século XIX. As dificuldades de uma distribuição equitativa da justiça, em regiões muito distantes dos grandes centros, as vinganças, as lutas pessoais e partidárias no interior das províncias, a organização de forças políticas locais e o interesse em pautá-las pela orientação governamental da situação afetaram a própria estrutura da milícia. Foram frequentes as crises de misticismo popular, em que populações humildes, de armas na mão, procuraram resposta a desajustamentos socioeconômicos e étnicos, numa forma de protesto dos ressentimentos coletivos, sem liderança definida, provocando agitações muitas vezes sangrentas e contra as quais a Guarda Nacional foi utilizada. Simbolizava esta - como força paramilitar - a solução nacional para a manutenção da paz interna.

As mudanças da organização político-partidária brasileira, decorrentes das reformas de 1828, 1832, 1834 e 1841, atingiram profundamente a milícia cidadã. Aos poucos foi a Guarda Nacional perdendo suas características democráticas, aristocratizando-se em âmbito local. Criada e organizada pelos liberais da Menoridade, não contou com o apoio do partido, no sentido de preservá-la das adulterações e interpretações posteriores que sofreu, com

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